O momento em que percebi que os livros não eram o suficiente...
Eu achava que um mestrado seria o meu próximo grande passo — mas, na verdade, ele me fez perceber que eu não queria mais teoria.
Eu queria vida.
Depois de terminar minha faculdade em Relações Internacionais, comecei um mestrado em Gestão de Negócios e TI. No papel, era perfeito — um dos melhores programas do país, professores incríveis, ótima estrutura… tudo que deveria me fazer sentir orgulhosa.
Mas, em vez disso, eu me sentia completamente desconectada.
Cada aula, cada estudo de caso parecia tão distante do mundo real dos negócios. Eu sentava ali pensando: é só isso?
Depois de tantos anos estudando, eu me sentia sufocada. Eu não queria mais um semestre dentro de uma sala de aula — eu queria que a própria vida fosse a minha sala de aula.
Eu queria viajar pelo mundo, aprender com pessoas, culturas e experiências — não só com livros. Eu queria ver, tocar e sentir o mundo com as minhas próprias mãos. 🌍
Um dia, eu estava conversando com um dos meus professores — alguém que eu realmente admirava — e ele me disse algo que mudou completamente a forma como eu via o mundo dos negócios.
Ele contou que, mesmo tendo doutorado em Administração, não foi o diploma que abriu portas para ele. Foram as experiências reais — os cursos, os projetos paralelos, os momentos em que ele trabalhou com empresas e aprendeu na prática.
O jeito como ele falava — com base na experiência, não só na teoria — me fez perceber o que estava faltando em mim. Eu não queria apenas estudar negócios. Eu queria viver os negócios.
Claro, havia um pequeno problema: dinheiro.
Eu queria ver o mundo, mas como eu poderia bancar isso? Então comecei a pesquisar todas as formas possíveis de fazer acontecer.
Programas de Au Pair, intercâmbio, dar aulas de inglês na China, trabalhar em navios de cruzeiro… Li tudo o que pude encontrar, comparando custos, requisitos e histórias de pessoas que já tinham vivido essas experiências.
Cada opção era uma janelinha para um tipo diferente de vida — e, aos poucos, a ideia de trabalhar no mar começou a se destacar.
Eu tentei de tudo.
Au Pair? Era velha demais. Intercâmbio? Nenhuma bolsa disponível. Ensinar inglês na China? Reprovada — várias vezes.
Parecia que todas as portas que eu batia permaneciam fechadas.
Mas eu simplesmente não conseguia abrir mão da ideia de viajar — de transformar o mundo na minha sala de aula. Então continuei procurando, madrugada adentro, navegando por fóruns e sites de emprego, até que uma oportunidade começou a chamar minha atenção: trabalhar em navios de cruzeiro.
Quanto mais eu lia, mais aquilo parecia exatamente o que eu sonhava — uma chance de viajar, aprender e crescer, enquanto ganhava dinheiro.
A vida a bordo me encantava: acordar em um país novo toda semana, conhecer pessoas do mundo inteiro, aprender com a experiência e não com os livros. 🌎
Mas quando contei à minha família, eles não acreditaram que eu conseguiria. Disseram que a vida no navio era dura demais, exigente demais. Que alguém como eu — acostumada a salas de aula e escritórios — não aguentaria um mês no mar.
Não vou mentir, aquelas palavras doeram. Por um tempo, até eu mesma acreditei nelas.
Mas, no fundo, algo dentro de mim se recusava a desistir. Toda vez que eu imaginava um navio navegando em direção ao nascer do sol, eu sentia: é lá que eu preciso estar. ☀️
Tentei continuar com o mestrado… mas não conseguia parar de pensar nos navios.
Todo dia na sala de aula, minha mente viajava — não para o próximo trabalho ou prova, mas para o som do oceano, a ideia de acordar em um lugar novo, o sentimento de finalmente viver a aventura que eu tanto sonhava.
Então, sem contar a ninguém, comecei a me inscrever por todas as agências confiáveis que encontrei. Passei horas e horas escrevendo e reescrevendo meu currículo, pesquisando cada vaga e assistindo a todos os vídeos, documentários e entrevistas sobre a vida no mar.
Virou o meu projeto secreto — meu jeito de manter a esperança viva, mesmo quando ninguém mais acreditava que eu conseguiria. Durante as minhas pesquisas descobri um curso de preparacao para tripulantes na minha cidade e resolvi fazer… em segredo… Quando me perguntavam, eu dizia que era de programacao…
O curso durou algumas semanas, mas mudou completamente a minha perspectiva. Aprendi sobre os diferentes cargos a bordo, como as equipes trabalhavam juntas e como era a rotina real de quem vive no mar.
Foi desafiador — mas eu amei cada segundo. Cada aula fazia meu sonho parecer um pouco mais possível.
Aqui estão algumas fotos do curso e dos professores incríveis que me ajudaram a me preparar para esse novo capítulo! ⚓💙
Alguns meses depois, finalmente fiz a segunda entrevista — e fui aprovada! 🎉
Quer saber um segredo? Eu estava tão nervosa antes da chamada no Zoom que tomei uma cerveja para acalmar os nervos. 🍺😅
Hoje eu rio disso, mas naquele momento minhas mãos tremiam — eu só queria dar o meu melhor. Depois de tantas rejeições e meses de esperança, essa era a minha chance.
Quando vi o e-mail dizendo que eu tinha sido aceita, eu não conseguia acreditar — eu tinha sido oficialmente contratada para trabalhar em um navio de cruzeiro. 🚢
Antes de embarcar, precisei fazer alguns cursos obrigatórios — e o primeiro foi o Treinamento Básico de Segurança para Tripulantes.
E ele abriu completamente os meus olhos. 🌊
Aprendi o que fazer em caso de incêndio, como usar coletes e botes salva-vidas, como ajudar outras pessoas em uma emergência e até como sobreviver em alto-mar. Foi intenso — mas também libertador.
Foi ali que percebi de verdade que trabalhar a bordo não era só um emprego… Era uma responsabilidade. Cada tripulante precisa estar pronto para proteger e cuidar dos outros, aconteça o que acontecer.
Aprendi a usar uma mangueira de incêndio...
Aprendemos o que fazer no caso de uma emergencia dentro da agua…
Tive que pular de uma altura de cerca de cinco metros na água para simular um resgate…
E finalmente recebi meu certificado! 🧡
Ainda havia um último curso a fazer. Tive que ir ao Rio de Janeiro para fazer um treinamento específico da Costa Cruzeiros, aprendendo os procedimentos próprios dos navios da companhia.
Depois de alguns meses, o grande dia finalmente chegou — recebi meu contrato e embarquei oficialmente como Assistente de Animação para Adultos na Costa Cruzeiros. 🚢✨
Foi tudo o que eu sonhava — e muito mais. Conheci pessoas do mundo inteiro, trabalhei duro, ri ainda mais, e aprendi todos os dias. Foi prático, dinâmico e cheio de propósito — exatamente o tipo de aprendizado que eu buscava há tanto tempo.
Amei cada detalhe — a energia, as pessoas, as manhãs no oceano, a sensação de fazer parte de algo maior. Aqueles meses a bordo moldaram quem eu sou hoje e me ensinaram lições que nenhuma sala de aula poderia ensinar.